FONTE: CFESS
Debate foi sobre os desafios da atuação profissional na pandemia e a conjuntura brasileira.
Debate ocorreu por meio virtual (reprodução da imagem do vídeo)
“É preciso identificar novas mediações na atuação profissional em meio à pandemia da Covid-19 e refletirmos sobre o perigo do descolamento da profissão da realidade objetiva. Surge a imperativa necessidade de fortalecer a relação entre o exercício e a produção do conhecimento no Serviço Social”. Quem afirma é a assistente social e professora do programa de pós-graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ana Elizabete Mota, que debateu com a gestão do CFESS na última terça-feira (8), o tema "Trabalho profissional no atual contexto: caminhos para o debate da seguridade social".
A atividade antecedeu o Conselho Pleno do CFESS, realizado de 10 a 13 de junho, por meio virtual. Um ponto inicial abordado pela docente foram as demandas ao Serviço Social, que se relacionam com o contexto atual e têm rebatimentos diretos na atuação profissional.
“Vivemos uma crise, de âmbito social, econômica, politica e sanitária. Ela é aprofundada com a pandemia, com consequências para a saúde da população, resultando em genocídio, em luto, que toma conta de todos nós. Uma crise que vem no leito da corrosão de conquistas civilizatórias para a população brasileira, a partir de privatizações, contrarreformas, supressão de direitos, negação da emergência social”, analisa Elizabete Mota, mostrando a realidade em que se encontra o país.
Para dar exemplos concretos, a professora da UFPE citou: os retrocessos se materializam em negação de medicamentos nos locais públicos de distribuição, negação da vacina contra a covid-19, regressão do auxílio-emergencial (numa nítida desassistência do Estado com a população que necessita), o crescimento do setor médico privado, a expansão das fronteiras para o agronegócio, dentre outros exemplos.
“Esse processo nega as necessidades essenciais, para suprir as necessidades do capital, o que se reflete diretamente na pobreza, no aprofundamento da desigualdade social brasileira, no abandono humano-social das classes subalternas, com as quais assistentes sociais se defrontam diariamente”, explica Mota.
Mais rebatimentos na profissão
Durante o debate, um ponto levantado pela professora foi o avanço do conservadorismo reacionário que se instalou na sociedade brasileira e também em parte da categoria de assistentes sociais. Segundo Ana Elizabete Mota, os argumentos que sustentam esse avanço são de cunho fascista, preconceituoso e isso tem aderência no senso comum, devido à histórica formação social do país.
“Nessa direção, vemos defesas como a do uso de armas para enfrentamento da violência; o chamado tratamento precoce contra a Covid-19; a demonização do marxismo e da esquerda, bem como os inequívocos argumentos sobre o tamanho do Estado. Tudo isso com argumentos falaciosos e divulgado de forma sistêmica por meio das mídias sociais, com as fake news”, afirma a professora da UFPE.
Além disso, destaca Mota, o Brasil verifica uma desassistência também das políticas de previdência e de assistência social, cenário que afeta o Serviço Social, com demandas indevidas à categoria, contratações precárias, supressão de direitos e baixos salários. Ela destaca ainda que, especialmente com a pandemia, as incidências no mundo do trabalho afetam as condições e relações de trabalho dos assistentes sociais, justamente por alterarem as políticas sociais e, consequentemente, as rotinas de trabalho, as relações interpessoais e a própria vida privada dos/as profissionais.
“O que verificamos é a padronização de rotinas e protocolos, resultando em atividades que podem subtrair a relativa autonomia técnico-politica da profissão. Com isso, amplia-se a submissão dos/as profissionais à produtividade e rentabilidade dos serviços prestados, resultado da avidez capitalista, que avança na terceirização, na desresponsabilização, na transferência de serviços, que eram realizados por servidores/as públicos/as e passaram a ser oferecidos por prestadores pontuais de serviços”, completa Ana Elizabete Mota.
E acrescenta: “o desafio que temos é resistir ao voluntarismo que avança com intensidade nas políticas sociais, para que não se perca a dimensão formativa e pedagógica da nossa profissão, que não se adequa a respostas e protocolos padronizados!”.
O CFESS entende que o debate sobre a profissão no atual cenário político-econômico é imprescindível, para contextualizar as demandas profissionais dirigidas ao Conselho Federal, fundamentando diálogos vindouros com a categoria profissional.
Você conhece o Conselho Pleno do CFESS?
O Conselho Pleno é uma reunião de caráter deliberativo que o CFESS realiza, e ela determina as ações, planos e projetos da entidade, bem como pode realizar também julgamento de recursos éticos, de acordo com o Estatuto do Conjunto CFESS-CRESS.
Nesta edição, de 10 a 13 de junho, a diretoria do Conselho Federal tratou de diversos assuntos, como questões referentes às alterações no Benefício de Prestação Continuada; o Seminário sobre Criança e Adolescente; a Conferência Nacional de Assistência Social; as próximas ações em defesa da efetivação da Lei 13.935/19 (conhecida como Lei da Educação); bem como questões administrativas e jurídicas do CFESS.
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Conselho Regional de Serviço Social do Maranhão / CRESS-MA
Gestão "Nosso Nome é Resistência" – 2020/202