FONTE: CFESS
Arte: Rafael Werkema e Rebecca Santana
Nos próximos dias 14 e 15 de julho de 2022, o Conselho Federal de Serviço Social e a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) realizarão o Seminário Latino-americano com o tema Serviço Social, Povos Indígenas e Direitos Humanos.
O evento ocorrerá na modalidade on-line, com inscrições gratuitas e emitirá certificação de participante (12h), que poderá acompanhar pelos canais do YouTube do CFESS e da ABEPSS em português e espanhol, para abrigar ainda um público internacional.
A programação abordará temas como a luta pela terra dos povos originários na América Latina, Caribe e Brasil em tempos de neoconservadorismo; políticas sociais e movimentos indígenas; a formação e o trabalho profissional de assistentes sociais com os povos indígenas. Nomes nacionais e internacionais do Serviço Social, além de representantes e líderes indígenas, já confirmaram presença nas mesas de
debates.
As inscrições começam na próxima semana, no dia 28/6. Não há limite de vagas!
Povos indígenas: um tema urgente no Serviço Social latino-americano e caribenho
“Muita tristeza com tanto ataque, violência contra nós, povos indígenas e nossos defensores. Dores, perdas, mortes não podem ser o nosso cotidiano”. Este é o apelo da assistente social indígena Elizangela Pankararu, uma das palestrantes do Seminário.
De acordo com um levantamento populacional da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), publicado em 2014, estimava-se que a população indígena e povos originários na região girava em torno de 45 milhões de pessoas. Isso representaria 8,5% da população de toda a América Latina.
São mais de 800 povos diferentes, que se distribuem desde o norte do México até a Patagônia. Segundo o Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e o Caribe (FILAC), na região latino-americana são faladas 500 línguas indígenas.
Esses povos, ao longo de séculos de colonização europeia, e, posteriormente, de projetos neoliberais, seguem resistindo às tentativas de extermínios em massa e lutando por seus territórios, alvos de devastações e destruições para extração de recursos naturais.
O relatório da Cepal de 2014 apontava avanços (pontuais e parcos) em relação aos acessos a políticas sociais, demarcação e proteção de territórios, entre outros, mas a verdade é que o cenário em 2022 é alarmante.
A crise política, social econômica e sanitária da Covid-19 e a onda neoconservadora que atingiu os países da América Latina e Caribe nos últimos anos têm aprofundado os problemas seculares enfrentados pelos povos indígenas: insuficiência de políticas sociais (como saúde, assistência social, educação), invasões e expulsões dos territórios, preconceito e extermínio.
“Temos que fazer do seminário um espaço de manifestação contra a barbárie”, aponta o coordenador de Relações Internacionais da ABEPSS e professor (UFF) Ramiro Marcos Dulcich Piccolo.
Por isso, é fundamental dar visibilidade sobre o tema. O Seminário Latino-americano sobre Serviço Social, Povos Indígenas e Direitos Humanos é uma deliberação do Conjunto CFESS-CRESS e ocorre num momento em que se torna crucial discutir estratégias de resistência junto a esses povos, respeitando sua diversidade e cultura.
“São dias de indignação. Temos que fazer desse seminário um espaço de manifestação desta luta e das resistências históricas, bem como da memória de tantos que já tombaram nesses séculos”, ressalta Wagner Amaral, professor da Uel e palestrante.
O Seminário tem também o propósito de ampliar o diálogo sobre a formação em Serviço Social para esta pauta, e sobre as possibilidades de intervenção profissional, considerando que já há um significativo percentual de assistentes sociais indígenas de diversas etnias.
O evento contará com a presença de representantes das comissões Indígena e de Direitos Humanos da Federação Internacional de Serviço Social (na sigla em espanhol FITS), da Associação Latino-americana de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (na sigla em espanhol Alaeits), além de representantes e lideranças indígenas.
“Nesse momento o seminário ganha mais força; que seja parte relevante da luta coletiva que precisamos adensar”, destaca Esther Lemos, integrante da Comissão Organizadora do Seminário.
Por isso, assistentes sociais, estudantes, indígenas e outras categorias, é momento de levantar a bandeira Wiphala, um símbolo de união andina, fortalecer as raízes latino-americanas e caribenhas e formular estratégias para defesa dos direitos humanos dos povos indígenas. “Será um evento histórico, no tempo de resistências e lutas sociais pela liberdade e diversidade humana. Esperamos vocês”, convoca a presidenta do CFESS, Elizabeth Borges.
Conselho Regional de Serviço Social do Maranhão – CRESS-MA
Gestão "Nosso Nome é Resistência" – 2020/2023