FONTE: CFESS
Serviço Social reafirma a luta antirracista, no Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
Arte: Rafael Werkema/CFESS
O dia 25 de julho é uma data de luta, celebração e resistência das mulheres negras. A pandemia de Covid-19 escancarou as desigualdades sociais históricas, principalmente para as mulheres negras e pobres. E assistentes sociais do Brasil, que trabalham cotidianamente na defesa e garantia dos direitos da população, somam-se a essas vozes e bradam: queremos direitos, liberdade e igualdade!
Atualmente, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, e também Dia Nacional de Tereza de Benguela, uma líder quilombola que lutou por liberdade no período colonial do Brasil, estende-se por todo o mês no “Julho das Pretas” , que é uma incidência política coletiva realizada por movimentos e organizações de mulheres negras do Brasil, cujo objetivo é dar visibilidade e fortalecer as ações coletivas antirracistas, antipatriarcais e anticapitalistas das mulheres negras em todas as esferas da sociedade. Desse modo, organiza-se uma série de atos, lives, debates e momentos culturais, para denunciar o racismo estrutural, as desigualdades e os preconceitos que resultam em distintas formas de violências, violações e expropriações sofridas, bem como reafirmar agendas de atuação e luta pelo direito à vida, por justiça reprodutiva, por igualdade social.
Em 2021, o tema geral do Julho das Pretas é “Para o Brasil Genocida, Mulheres Negras apontam a solução!”, que denuncia a ampliação do genocídio do povo preto em meio aos problemas intensificados pela pandemia de Covid-19, em que as notícias do Brasil são ainda mais tristes e vergonhosas. “Qualquer análise de realidade sobre a condições econômicas e sociais evidenciará as desigualdades e opressões que as mulheres negras enfrentam em seu cotidiano”, destaca a conselheira do CFESS Mauricleia Soares.
Pelo terceiro ano seguido, em 2021, o número de vítimas de feminicídio no país foi maior entre mulheres negras (61,8%), segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2021. Além disso, a pandemia agravou um cenário já bastante comprometido: a desigualdade educacional que atinge as meninas negras. Para se ter uma ideia, de acordo com a pesquisa “A educação de meninas negras em tempos de pandemia”, do Geledés Instituto da Mulher Negra, apenas 58,54% das estudantes negras estão realizando as tarefas escolares durante a pandemia, seja por falta de acesso a computador, a celular, a tablete, seja por falta de acesso à internet, ou ainda por falta de material didático. Esse dado é alarmante, comparado ao percentual de meninas brancas (87,5%).
Assistentes sociais e o combate ao racismo
Essas são algumas das razões pelas quais a categoria incorpora a luta antirracista no trabalho profissional. O combate ao preconceito é princípio do Código de Ética do/a Assistente Social. As/Os profissionais do Serviço Social, além de terem uma maioria de mulheres negras, também atendem essa parcela da população.
Por isso, o 25 de julho está presente na agenda do Conjunto CFESS-CRESS. Quem tiver interesse pode acompanhar os comitês de combate ao racismo e os espaços de debate antirracista dos conselhos regionais em todo o Brasil. Os CRESS também planejam atividades para esta semana. Uma delas é o lançamento do Comitê Gaúcho de Assistentes Sociais na Luta Antirracista, que ocorrerá no dia 27 de julho, por meio das redes sociais do CRESS-RS, e contará com a participação do CFESS. No dia 28 de julho, o CRESS-RJ promoverá a roda de conversa ‘Protagonismo das Mulheres Negras na Pandemia e o Fazer Profissional de Assistentes Sociais’. Quem quiser participar, precisa se inscrever clicando aqui. Também o CRESS-PE fará uma live no dia 29 de julho, às 19h, para debater o tema “Julho das pretas: interlocuções para enfrentar o sexismo e o racismo”, por meio do canal do CRESS no Youtube.
A conselheira do CFESS Dácia Teles explica sobre a importância do debate para o Serviço Social. “O 25 de Julho tem o objetivo dar visibilidade às lutas históricas das mulheres negras e ressaltar nosso legado e representatividade na sociedade! Exaltamos com orgulho nossas ancestrais e as estratégias de luta e resistência de nossas mais velhas. O Julho das Pretas é um movimento de organização política e de intensificação do debate sobre as pautas de combate ao racismo, patriarcado e capitalismo, e pelo reconhecimento do protagonismo das mulheres negras na manutenção da vida e produção de riquezas”, explica.
Segundo Dácia Teles, são muitos os desafios de ser uma mulher negra nessa sociedade. “Estamos na base da pirâmide social e, mesmo como vanguarda dos movimentos sociais, ainda hoje, continuamos lutando por direitos fundamentais e políticas públicas, mas também por respeito às nossas vidas!”, completa a conselheira.
Conselho Regional de Serviço Social do Maranhão / CRESS-MA
Gestão "Nosso Nome é Resistência" – 2020/2023