FONTE: CFESS
Arte: Rafael Werkema/CFESS e Foto: Cassiano Ferraz/CRESS-SC
Nos vários espaços de trabalho de assistentes sociais, a defesa intransigente dos direitos humanos, um dos princípios éticos que regem a profissão, faz parte do cotidiano profissional e das relações com a população usuária dos serviços. É justamente nesse sentido que o Serviço Social compreende a comunicação como um direito humano. Para debater sobre o assunto, o CFESS e o CRESS-AL realizaram, nos dias 7 e 8 de setembro, o 6º Seminário Nacional de Comunicação do Conjunto CFESS-CRESS, que antecedeu o 49º Encontro Nacional, em Maceió (AL). Este foi o maior Seminário de Comunicação do Conjunto, contando com 187 participantes, dos quais 19 assessorias de comunicação dos Conselhos.
Antecedendo ao Seminário, representantes das delegações dos CRESS de todas as regiões do país, junto a diversas organizações populares e movimentos sociais, estiveram nas ruas de Maceió, para o 28º Grito dos Excluídos e das Excluídas, no dia 7 de setembro, com o tema “Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?”. Assistentes Sociais vestiram as camisas e carregaram a faixa da campanha do triênio “Nós, mulheres assistentes sociais de Luta”, além de cartazes com diversas bandeiras de luta da categoria (clique aqui e conheça o site oficial da campanha).
Direito à comunicação e enfrentamento à desinformação
Mas por que debater comunicação? Porque se é um direito, tem a ver com o Serviço Social. E não significa falar de outra área profissional dentro do Serviço Social. Trata-se de discutir o direito à expressão e à informação com diversidade, qualidade e transparência, para combater a desinformação inclusive dentro da categoria de assistentes sociais e na atuação profissional.
Sobre isso, tratou o Painel “Desinformação: e o Serviço Social com isso?”, que teve a contribuição da assistente social e coordenadora da Comissão de Comunicação do CFESS, Emilly Marques, juntamente com o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Nelson Pretto.
Para a conselheira do CFESS, a comunicação e o uso que se faz dela não são neutros, nem devem ser subestimados ou superestimados. “Considerando as contradições presentes na sociedade capitalista, informação e desinformação são faces do mesmo processo de avanço tecnológico. No Serviço Social, lidamos cotidianamente com o diálogo e a troca de informação com usuárias e usuários, o que nos explicita a importância deste debate na profissão”, destaca Marques.
Segundo ela, o desconhecimento e a desinformação têm a ver com projeto de poder, o que não reflete o projeto de sociedade defendido pelo Serviço Social. “A profissão tem muitos ganhos ao incorporar essa bandeira como parte do seu trabalho, contribuindo para a democratização do acesso aos serviços das instituições de políticas públicas e à informação de qualidade”, reflete a assistente social.
De acordo com o professor Nelson Pretto o problema da desinformação não é recente, porém se agravou desde o processo eleitoral de 2018, bem como a partir do contexto da pandemia e da crise política no Brasil. Ele destacou que existem estratégias de enfrentamento à desinformação, considerando a educação como uma das dimensões deste processo. “Isso, por que hoje sabemos que as empresas de tecnologia, conhecidas como Big Techs, adentraram o espaço da educação com suas plataformas durante a pandemia, por meio dos chamados algoritmos, que utilizam a experiência humana como matéria-prima gratuita para a tradução de dados e escolhas comportamentais. Isso resulta em expansão de lucros para o mercado”, afirma.
O professor explica ainda que são diversas as dimensões do enfrentamento à desinformação: passa pela tecnologia, pela política de educação, pela construção de algoritmos por grandes empresas e pelo próprio Poder Legislativo. “A tomada de medidas pelas plataformas digitais não pode ser pensada individualmente, pois a desinformação é um problema sistêmico, que envolve várias plataformas, algumas de forma combinada, para que essas notícias se propaguem em uma direção multiplataforma”, explica Pretto.
A conselheira do CFESS Emilly Marques também apresentou ao público do evento o novo informativo especial “CFESS Manifesta” intitulado “A nossa comunicação é política”. O texto, produzido para o 6º Seminário de Comunicação, reflete sobre larga utilização das redes, que se ampliou durante a pandemia de Covid-19, bem como sobre pensar como combater a desinformação nesses espaços virtuais e analisar como o Conjunto CFESS-CRESS tem dialogado com a categoria.
Uma informação importante a considerar, segundo trecho do informativo, é que, de acordo com a pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (Tics) nos Domicílios brasileiros de 2021, o país contabiliza 35,5 milhões de pessoas sem acesso à internet, sendo a qualidade do acesso e a apropriação das Tics pelos indivíduos uma questão de diferenças de classe, geração e território. Ou seja, um direito que deve ser garantido a todas as pessoas.
Para a coordenadora da Comissão de Comunicação do CFESS, Emilly Marques, o debate sobre a comunicação tem tudo a ver com o Serviço Social. “Afinal, construir uma comunicação na perspectiva que nossa profissão defende, como direito humano, crítica, dialógica, sem preconceitos, acessível e pedagógica, é um desafio presente também em nossa atuação profissional cotidiana”, completa ela.
Clique aqui e acesse o informativo “CFESS Manifesta”
Arte: Rafael Werkema/CFESS e Foto: Cassiano Ferraz/CRESS-SC
Subsídios nas redes e dados sobre a pesquisa de comunicação do Conjunto CFESS-CRESS
As atividades do 6º Seminário de Comunicação prosseguiram com o Painel 2 – “Subsídios nas redes: para combater a desinformação do Conjunto CFESS-CRESS", com o jornalista do CFESS Diogo Adjuto e o gestor de redes sociais do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Marcos Paulo Lima. Em formato de oficina, o painel tratou de instrumentos, técnicas e plataformas, bem como maneiras de utilizá-las na direção do fortalecimento da profissão, do diálogo com a categoria e da propagação da informação com qualidade, transparência e veracidade.
Clique aqui para acessar os slides de apresentação do painel
Ainda na manhã do dia 8, o Painel 3 – “Apresentação de dados da Pesquisa de Comunicação do Conjunto CFESS-CRESS" contou com a participação do assessor de comunicação do CFESS, Rafael Werkema, e da professora da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Claudiana Sgorlon, que é pesquisadora da temática Serviço Social e Comunicação. No debate, foram apresentados dados referentes às opiniões, sugestões, críticas e elogios da categoria profissional aos instrumentos e produções de comunicação do CFESS e dos CRESS, como a preferência por materiais digitais ou impressos, quais as redes de maior acesso, opiniões sobre os textos produzidos, quais meios preferidos (cards, vídeos, textos), dentre outras informações.
Clique para conhecer alguns dados apresentados e saber mais
Você sabia que o Conjunto CFESS-CRESS tem uma Política de Comunicação?
O 6º Seminário de Comunicação chegou ao fim após o Painel 4 – “Apresentação da Política de Comunicação do Conjunto CFESS-CRESS". A mesa foi conduzida pelo conselheiro do CFESS Agnaldo Knevitz e pela coordenadora da Comissão de Comunicação, Emilly Marques, para apresentar e debater a minuta de texto da nova edição, atualizada e ampliada, do documento.
Durante o seminário, o texto da nova edição trouxe a contribuição dos 27 Conselhos Regionais, com base na realidade da categoria em todos os estados. Ou seja, o documento, que estará disponível em breve aqui no site do CFESS, foi atualizado e servirá como fonte de consulta e reflexão para assistentes sociais em todo o país, além de orientador para as ações de comunicação nos CRESS e também no CFESS.
Conselho Regional de Serviço Social do Maranhão / CRESS-MA
Gestão "Nosso Nome é Resistência" – 2020/2023