FONTE: CFESS
Combate à desinformação e fortalecimento de comitês em defesa da democratização da comunicação ganham destaque na agenda do Serviço Social.
Arte: Rafael Werkema/CFESS
No último final de semana (28 a 30 de julho), o CFESS esteve em São Paulo (SP) para participar do Seminário de Planejamento do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), da Gestão 2023-2025.
O evento, organizado pela Coordenação Executiva do Fórum, elencou as prioridades e definiu as responsabilidades para execução do Plano de Ação do FNDC, aprovado em março deste ano, quando o CFESS foi reeleito para o Conselho Deliberativo do Fórum.
O assistente social, comunicador popular e representante do CFESS no FNDC, Leonardo Koury, acompanhou os três dias de trabalho do Fórum e reforçou que o Serviço Social tem muito a contribuir para a defesa da comunicação como um direito humano, ou seja, uma comunicação crítica, dialógica, sem preconceitos, acessível e pedagógica.
“O FNDC, hoje, atravessa o desafio de retomar a pauta a partir de uma realidade comunicativa desafiadora, entre a ausência de um projeto nacional que democratize o acesso à comunicação, meios públicos e a realidade da população brasileira. Não apenas os meios de comunicação impressos ou da radiodifusão, mas também o advento da internet e das redes sociais digitais trouxe uma ampliação das desigualdades, da desinformação e da disseminação de informações falsas e que complexifica a pauta, especialmente no Brasil”, avalia Leonardo.
O debate sobre Serviço Social e comunicação vem se ampliando no Conjunto ao longo das últimas duas décadas e a recente publicação da 4ª edição da Política Nacional de Comunicação reforça o compromisso das entidades com esta bandeira de luta.
A socialização de informações, por exemplo, faz parte da dimensão político-pedagógica da profissão e é um instrumento de trabalho que pode contribuir para o combate às notícias falsas (as populares fake news) e à desinformação.
“Assistentes sociais têm se deparado com essa realidade dia após dia. O receio com a eficácia da vacinação, a meritocracia, a personificação e a descrença na conquista das demandas a partir do campo do direito e da execução dos serviços públicos é parte do desmonte da cidadania da população brasileira. Nossa responsabilidade como assistentes sociais e das demais profissões e a articulação coletiva entre os movimentos sociais, sindicais e populares se apresentam como alternativas para enfrentar os grandes oligopólios da comunicação no Brasil e a ação massiva das bigtechs – empresas que controlam as redes sociais”, explica Koury.
Possíveis ações para o Conjunto
Uma das ações aprovadas no Plano do FNDC e que dialoga com a realidade do cotidiano de assistentes sociais é a de “defesa, junto ao governo federal, de estratégias que apresentem o direito à comunicação dos/as usuários/as das políticas sociais por meio de uma política de comunicação que combata a desinformação”.
Assistentes sociais atendem diariamente milhares de pessoas usuárias de serviços e equipamentos públicos, e vivenciam o impacto da desinformação na vida dessas pessoas.
Arte: Rafael Werkema/CFESS
Assim, em sintonia com o que a Política de Comunicação CFESS-CRESS aponta, que é o “reconhecimento das dimensões teórica, técnica, política e pedagógica da comunicação, utilizando-a para socialização da informação sobre os direitos humanos, fortalecimento da classe trabalhadora, das lutas e de seus movimentos sociais”, o Conjunto deve buscar formas de trabalhar essa temática.
A elaboração de materiais de comunicação que contribuam para o trabalho cotidiano sobre a socialização de informações para a população usuária e também a realização de debates são estratégias concretas.
Outra tarefa debatida durante o Seminário do FNDC que dialoga diretamente com a Política de Comunicação do Conjunto é o fortalecimento dos comitês e movimentos sociais em defesa da democratização da comunicação.
Assistentes sociais sempre contribuíram nos mais diversos conselhos de direitos, como de saúde, assistência social, educação, criança e adolescente, e a comunicação deve estar no radar da categoria.
No âmbito do Conjunto CFESS-CRESS, alguns regionais já acompanham os comitês nos seus respectivos estados. Entretanto, essa participação precisa ser ampliada, envolvendo assistentes sociais da base nas comissões de comunicação dos CRESS e nos comitês em defesa da democratização da comunicação.
“Parafraseando a nossa nova PNC, o Serviço Social tem lado e reafirma a construção de uma comunicação comprometida com a transformação da realidade, a direção radical para caminharmos para outra sociabilidade. Por isso, esse debate não pode ficar restrito às comissões de comunicação do Conjunto. Precisa reverberar na categoria e ecoar em nossas lutas sociais e diálogos com os movimentos sociais e espaços participativos que compomos”, reforça a coordenadora da Comissão de Comunicação do CFESS, Emilly Marques.
Avaliação
As organizações que compõem o FNDC e estiveram no Seminário enfatizaram a importância do planejamento para o trabalho a ser desenvolvido, com a definição de prioridades e do envolvimento do maior número possível de entidades.
Admirson Júnior, coordenador Executivo do Fórum, avaliou positivamente o encontro, destacando que será preciso revisitar o planejamento de forma permanente, como forma inclusive de manter o engajamento das entidades que o compõem.
Além disso, destacou a ampliação da ação das instâncias de gestão (coordenação, comitês e conselho), bem como os temas a serem trabalhados pelo Fórum nos próximos meses, por meio de seminários: concentração da mídia e da internet; liberdade de expressão, censura e democracia; privacidade, proteção de dados e desinformação; comunicação pública e comunicação comunitária e independente.
Atualmente o Fórum é o maior espaço organizativo da temática e é composto por mais de 500 entidades em todo o país. As atuações são divididas seja em âmbito nacional e ou regional, com diversas ações a partir da defesa do direito humano à comunicação no país.
O CFESS integra o FNDC desde 2014 e pela segunda vez ocupa o Conselho Deliberativo, que tem como uma das atribuições colaborar na construção da pauta e da agenda do Fórum.
Conselho Regional de Serviço Social do Maranhão / CRESS-MA
Gestão "Resistir e Esperançar” – 2023/2026