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Representatividade, Sensibilidade e Dor: Exposição Escancara o Racismo da Sociedade e Enaltece o Povo Negro!
4 de novembro de 2019
ASCOM CRESS/MA

 

FONTE: CFESS

 

Parte integrante da Campanha de Gestão (2017-2020) Assistentes Sociais no Combate ao Racismo, mostra exibida no CBAS sensibiliza público. Proposta é torná-la itinerante.

 

 

A mostra reúne um conteúdo provocativo e informativo que denuncia o racismo estrutural do Estado brasileiro e valoriza a luta e resistência do povo negro (fotos: Rafael Werkema/CFESS)

 

Representatividade, sensibilidade e dor. É com essas palavras que várias pessoas têm se expressado sobre a mostra Assistentes Sociais no Combate ao Racismo, em exibição no 16º Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS), em Brasília (DF).

 

Assista a todas as principais do 16º CBAS no nosso Canal do YouTube ou pelo Facebook

 

As pessoas que passam pelos nove painéis duplos da exposição são imersas em um conteúdo provocativo e informativo que denuncia o racismo estrutural do Estado brasileiro, resgata uma parte da história de opressões contra a população negra, potencializa as lutas e resistências históricas, evidencia as expressões do racismo no cotidiano e dá visibilidade e valoriza o povo negro. As pessoas também assistem aos vídeos sobre a campanha de gestão (2017-2020) e conhecem todo o material publicado até o momento:  cartazes, fotos e depoimentos.

 

“Para mim, não só a exposição, mas toda a campanha do Conjunto CFESS-CRESS é um divisor de águas sobre o debate na profissão. Em cinco anos de graduação, o tema sobre racismo não passou nem perto de ser debatido. Por isso, me sinto contemplada quando o Conjunto traz uma campanha que desnaturaliza o racismo e faz frente ao mito da democracia racial no Brasil”, opinou a assistente social do Hospital Federal Cardoso Fontes (Rio de Janeiro/RJ), Monique Rodrigues.

 

Ao falar sobre a mostra e os painéis, ela se emocionou. “Sinto alegria ao ver a visibilidade do tema, que faz com que assistentes sociais parem para pensar no seu processo de trabalho, se estão reproduzindo o racismo nessa prática. Mas também me traz muita dor, porque como mulher negra, vivencio todas as expressões do racismo aqui denunciadas. O racismo atravessa nossa sociedade e está em todo o lugar”.

 

Congressistas assistem aos vídeos em TVs instaladas no meio da exposição. À esquerda está a assistente social Carmel Filha.

 

Alguns painéis falam do histórico de leis que privaram a população negra de vários direitos, inclusive da sua própria humanidade; outro denuncia o genocídio do povo preto nas favelas. Tem também um diálogo sobre expressões racistas que permeiam a língua portuguesa, reproduzidas no cotidiano; e um outro painel com alguns marcos históricos de lutas e resistências do povo negro.  

 

“A mostra traz de forma pedagógica, por exemplo, expressões linguísticas racistas que são naturalizadas no cotidiano. Ao identificarmos essas expressões, identificamos o racismo presente no nosso dia-a-dia. Ao mesmo tempo que a mostra traz um sentimento de tristeza, por vermos aquilo que sentimos diariamente por sermos negras, ela nos impulsiona a enfrentar esse racismo, convoca a categoria e a sociedade a refletir e se posicionar com uma postura antirracista”, avaliou a assistente social Carmel Filha, servidora pública de Feira de Santana.

 

Mas é a fala e expressão da estudante de inglês Michelle Lisboa Silva, de 22 anos, que talvez traduzam a mostra (e toda a campanha) de uma maneira mais singular, comprovando que o diálogo da campanha deve ser para dentro e para fora do Serviço Social.

 

Mulher, jovem e negra, Michelle foi contratada para trabalhar como uma espécie de curadora, distribuindo os broches da campanha, assessorando e conversando com quem visita a exposição sobre o material e os vídeos exibidos. “Os dias têm sido bem intensos. É triste falar sobre o racismo, mas absolutamente necessário. Tive contato com muitas pessoas, me emocionei junto com elas, muitas se sentindo representadas. Fui abraçada por diversas pessoas, inclusive brancas, que passaram por aqui. Pessoas brancas me abraçaram de verdade. Falo isso porque a invisibilidade de nós negras é algo comum e, quando apontamos para o racismo, as pessoas acham que é frescura. As pessoas precisam refletir sobre essas questões”, contou bastante emotiva.

 

Michelle Lisboa (à direita): Os dias têm sido bem intensos. É triste falar sobre o racismo, mas absolutamente necessário. Tive contato com muitas pessoas, me emocionei junto com elas"

 

Para as conselheiras Mauricleia Santos e Solange Moreira, integrantes da Comissão que organiza a campanha, a mostra cumpre um papel importante, porque permite um diálogo direto com a categoria e a sociedade sobre o tema de forma didática, mas, ao mesmo tempo, sensível.  “A exposição transmite a beleza da cultura e do povo negro ao mesmo tempo em que escancara o racismo no Brasil e toda sua crueldade. Ela provoca a reflexão, ela desconstrói o senso comum de que não existe racismo no Brasil, de que não existe racismo na nossa profissão. Ela prova que o racismo perpassa todas as esferas da nossa vida e nos provoca a sermos cotidianamente antirracistas”, avaliam. 

 

Mostra itinerante

A mostra ficará exposta no Ginásio Nilson Nelson até domingo (3/11) e depois será levada à sede do CFESS, também em Brasília (DF), podendo ser visitada de segunda à sexta, de 12h às 18h. A ideia é também que a exposição possa ser levada para outros espaços, como os próprios regionais e até mesmo universidades, que demonstraram interesse em exibir o material.

 

 

Solange Moreira e Mauricleia Santos, conselheiras do CFESS que integram a Comissão da campanha (foto: Diogo Adjuto/CFESS)

 

Novos materiais

A mostra apresentou novos materiais da campanha. Foram lançados dois cartazes e três vídeos.

Com o mote “Que Estado dá carta branca pra matar gente preta?”, cartaz e vídeo denunciam e apontam dados sobre a violência que atinge, em sua maioria, a população negra no país.

 

Outra novidade é o cartaz que aponta dados sobre o acesso da população negra à educação e ressalta a importância das cotas raciais na universidade, com a chamada “Do acesso à permanência, preto na educação é sinônimo de resistência”.

 

Outro vídeo recupera os dados sobre o acesso da população negra às políticas de saúde e assistência social.

 

E, para encerrar a série de vídeos, foi produzido um mini-documentário com imagens e depoimentos da campanha ao longo dos últimos anos.

 

Em breve, os novos materiais audiovisuais estarão no site da campanha. 

 

Painel exibe novo cartaz da Campanha, que trata sobre o genocídio da população negra.

 

 

Congressista exibe novo cartaz, que aborda a temática do racismo na educação (à esquerda).

 

 

Próximas ações  

A campanha de gestão (2017-2020) do Conjunto CFESS-CRESS prevê ainda mais ações. Uma delas é o lançamento de um material impresso sobre tudo o que foi produzido.

 

Além disso, assistentes sociais podem e devem continuar enviando seus relatos sobre o combate ao racismo no cotidiano profissional por meio do site oficial da campanha. 

 

Visite o site oficial e baixe os novos cartazes

 

Um dos painéis aponta os objetos que pessoas negras carregavam quando foram confundidas e mortas pelas PM.   

 

É uma campanha de todo mundo! O segurança William fez questão de estampar no uniforme o selo "Assistentes Sociais no Comabte ao Racismo".

 

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