FONTE: CFESS
Do dia 5 a 8 de setembro, Belém (PA) recebe o 48º Encontro Nacional CFESS-CRESS, para avaliar as ações do Conjunto no último triênio.
Arte do 48º Nacional (design: Rafael Werkema/CFESS)
A voz resiste, a fala insiste, quem viver verá. Com inspiração na canção de Belchior e nas lutas dos povos amazônicos, começou nesta quinta-feira (5/9), em Belém do Pará, o 48º Encontro Nacional CFESS-CRESS, maior espaço deliberativo da categoria. O evento reúne assistentes sociais das gestões e da base, eleitos/as nas assembleias em todos os estados e Distrito Federal, para debater o conjunto de deliberações que pautam as ações dos conselhos.
O Encontro Nacional está programado para terminar no próximo dia 8/9 e será o último das gestões CFESS-CRESS do triênio 2017-2020, que farão a avaliação das deliberações e ações que o Conjunto realizou e ainda deve realizar até maio do ano que vem.
Não custa lembrar: no 46º Encontro (2017), as gestões empossadas elaboraram o planejamento, discutiram e aprovaram propostas; em 2018, no 47º Encontro Nacional, o Conjunto fez o monitoramento das deliberações aprovadas, apontando as dificuldades para execução das propostas; e agora o Conjunto avalia o que foi realizado no triênio.
Mais de 350 assistentes sociais (delegados/as e observadores/as) de todas as regiões do país, entre conselheiros/as e base eleita, participam do Encontro Nacional.
Participantes lotaram o auditório para abertura do evento em Belém/PA (foto: Diogo Adjuto/CFESS)
Abertura em tom de resistência
Após apresentação cultural do grupo Paranativo, com dança e música carimbó, típicas do Pará, as atividades do Encontro foram iniciadas com a mesa de abertura com representantes do CFESS, CRESS-PA, Abepss e Enesso.
“Temos que nos inspirar na resistência dos povos amazônicos”, clamou a estudante de serviço social e representante da Enesso, Marilian Oliveira. Esse também foi o tom da fala da presidente da Abepss, Esther Lemos, que reafirmou o compromisso da categoria de assistentes sociais em defesa dos direitos sociais, ainda mais em uma conjuntura de “desmonte” das políticas sociais e de ataques à educação, em especial, às universidades públicas.
Maria Rocha, presidente do CRESS-PA, destacou a importância de se realizar o Encontro em Belém, ressaltando que se trata de uma “metrópole amazônica, repleta de diversidade e marcada pelo acirramento das expressões da questão social”. Ela destacou a oportunidade de os CRESS poderem compartilhar as experiências da região Norte, abordando, por exemplo, as questões relacionadas ao acesso e transporte nos municípios, como viagens de barcos etc. Ela também enfatizou que a “Amazônia é de todos/as nós, de todo o brasil, e é preciso que o Conjunto CFESS-CRESS defenda e lute pela Amazônia”.
E para encerrar a mesa, a conselheira do CFESS Daniela Möller relembrou as temáticas abordadas nos Encontros Nacionais do triênio 2017-2020, mostrando a sintonia dos debates da categoria com conjunturas cada vez mais adversas. “Nossa voz resiste desde que fomos transformadas em terra de expropriação. Nossa voz vem dos quilombos, das florestas, da classe trabalhadora. Tudo é voz que resiste. Hoje é momento de avaliar o que fizemos e os impactos das nossas ações na realidade. Nossa voz continuará resistindo e insistindo que outra sociedade é possível e necessária”, encerrou.
Em seguida, foi lido e aprovado pela Plenária o regimento do 48º Encontro Nacional CFESS-CRESS.
Conselheira do CFESS Daniela Möller abre os trabalhos do Encontro (foto: Diogo Adjuto/CFESS)
Desafios para a categoria
Neoconservadorismo e as contrarreformas da seguridade social e os desafios para o trabalho de assistentes sociais: este foi o tema da conferência ministrada pela professora da UFRJ Ivanete Boschetti e pela conselheira do CFESS Elaine Pelaez.
A mesa foi incisiva ao denunciar a escalada de destruição de direitos sociais e humanos promovida pelo governo Bolsonaro, submetendo a população brasileira a condições extremas de exploração do trabalho.
Ivanete fez uma análise do avanço do conservadorismo e reacionarismo, mostrando que é um fenômeno de âmbito internacional e que tem como objetivo principal atender aos interesses do capital financeiro. No caso do Brasil, o atual governo se cercou do que tem de mais ultraliberal para entregar as riquezas brasileiras e o fundo público para o capital externo. “É O ultraliberalismo se unindo ao reacionarismo, um ataque contra a ciência e a razão, que está resultando em quase 13 milhões de pessoas desempregadas”, exemplificou.
Ela pontuou que esse processo de destruição se intensificou a partir de 2016, listando alguns ataques, como a PEC dos Gastos, a contrarreforma trabalhista e a lei da terceirização.
A professora da UFRJ elencou também o que considera como agenda fundamental, ressaltando a urgência de se buscar a unidade na esquerda nos espaços políticos profissionais, a importância de se assegurar a autonomia das ações do Conjunto, a tarefa de impedir as tentativas de desregulamentação da profissão e a necessidade de se intensificar a inserção da categoria nos sindicatos, partidos políticos e coletivos de lutas. “A crítica é a nossa principal arma e dela não podemos abrir mão”, concluiu Ivanete, reafirmando o compromisso da categoria com a luta anticapitalista e antirracista.
Professora da UFRJ Ivanete Boschetti iniciou o debate da conferência (foto: Diogo Adjuto/CFESS)
Em seguida, a conselheira e coordenadora da Comissão de Seguridade Social do CFESS, Elaine Pelaez falou da necessidade de se defender e compreender a Seguridade “como fruto de lutas e materialização de direitos discutidos, como mediação para uma luta mais ampla, a luta de classes”. Ressaltou a Carta de Maceió, documento que traduz o compromisso de assistentes sociais na luta por uma seguridade social universal e pública, ressaltando o pacto baseado na solidariedade e universalização dos direitos.
Pelaez criticou o discurso falacioso do “déficit da previdência”, que na verdade é a justificativa para a capitalização e a apropriação do fundo público por bancos e pelo grande capital financeiro. “O atual governo tem um projeto explícito de destruição de direitos, de ataques à classe trabalhadora, de escalada da violência”, pontuou.
Como tarefas cotidianas para a categoria, a conselheira do CFESS ressaltou a importância do diálogo com a população sobre as contrarreformas, o fomento de um trabalho profissional que fortaleça junto à população usuária a noção de direitos e a possibilidade de ações coletivas. “Não devemos desanimar com as notícias. Temos que lembrar das nossas experiências profissionais exitosas de luta que forjaram nosso Projeto ético-político profissional”, finalizou.
Após o encerramento da conferência, foi realizada a chamada das delegações, confirmando a presença de assistentes sociais de todos os estados e Distrito Federal.
Conselheira do CFESS compôs a conferência do evento (foto: Diogo Adjuto/CFESS)
Eixos temáticos
A programação da sexta (6/9) e da manhã do sábado será marcada de discussão de propostas por eixos temáticos. Serão avaliadas as ações no âmbito da Formação e Relações Internacionais; Administrativo-financeiro; Orientação e Fiscalização; Comunicação; Ética e Direitos Humanos; e Seguridade Social.
Confira mais imagens!
No início do evento, atividade cultural trouxe apresentação de carimbó (foto: Diogo Adjuto/CFESS)
Conselheiro do CRESS-RS Agnaldo Knevitz e a conselheira do CFESS Daniela Möller fizeram a leitura do regimento interno do Encontro Nacional (foto: Diogo Adjuto)
Coordenadora da Comissão de Formação Profissional do CFESS, conselheira Daniela Neves fala durante o eixo de mesmo tema (foto: Diogo Adjuto/CFESS)
Eixo administrativo-financeiro teve início com apresentação da 1ª tesoureira do CFESS, Cheila Queiroz (foto: Diogo Adjuto/CFESS)
Conselho Regional de Serviço Social do Maranhão / CRESS-MA
Gestão "Resistência e Luta" – 2017/2020