FONTE: CFESS
Arte: Rafael Werkema/CFESS
Entidades do Serviço Social veem espaço fundamental de articulação coletiva e de resistência. “Escola sem partido” é uma das pautas.
No próximo domingo, 2 de dezembro, às 9h, no Centro de Convenções de Vitória (ES), vai ocorrer o terceiro encontro do Fórum Nacional em defesa da formação e do trabalho com qualidade em Serviço Social.
A reunião será realizada no clima do 16º Encontro Nacional de Pesquisadores/as em Serviço Social (Enpess), organizado pela Abepss, que reunirá também em Vitória assistentes sociais, professoras/es, pesquisadoras/es e estudantes de todo o Brasil.
Para quem não conhece, o Fórum Nacional em defesa da formação e do trabalho com qualidade em Serviço Social debate ações de enfrentamento à precarização do ensino de graduação presencial e a distância em Serviço Social, no âmbito das Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas. Reúne integrantes das comissões de Formação do CFESS, do CRESS, bem como integrantes da Abpess, Enesso, das instituições de ensino superior, centros e diretórios acadêmicos, entidades diversas e movimentos que atuam em defesa da educação como um direito.
Algumas estratégias já estão sendo traçadas pelo fórum: a construção de diretrizes que contribuirão para organizar ainda mais as ações do grupo; a realização, para 2019, de uma campanha em defesa da formação e do trabalho com qualidade; a elaboração de estudos e textos que deem novos elementos para a cartilha Meia Formação não Garante Um direito: o estágio supervisionado em Serviço Social, que será reformulada pelo CFESS no próximo ano; entre outras ações.
“A conjuntura exige um espaço como esse, que proponha e realize ações mais contundentes pela defesa da formação e trabalho com qualidade em Serviço Social. Vivemos um processo de precarização do trabalho e mercantilização da formação de assistentes sociais e de ataques cotidianos aos direitos sociais e políticos”, explica a coordenadora da Comissão de Formação do CFESS, Daniela Neves, que também integra o Fórum.
“Se para o ano que vem, com um novo governo de extrema direita no Brasil, há o risco real de intensificação desses ataques à Educação como um direito e à formação, o Fórum ganha o status de espaço fundamental de articulação coletiva, luta e resistência”, analisa a assistente social Juliana Melim, docente da UFES e convidada para análise de conjuntura na próxima reunião do Fórum.
Para se ter uma ideia, vem sendo ventilada a possibilidade de o novo governo instituir a cobrança de mensalidades em universidades federais para estudantes, de forte direcionamento do fundo público para o capital, de restrições democráticas na autonomia docente e universitária, de sucateamento das políticas sociais, de mercantilização e aligeiramento da formação, da deterioração das condições de trabalho e de criminalização das resistências políticas a esses desmontes.
Arte: Rafael Werkema/CFESS
"Escola sem partido" é censura
Outro ponto que está na agenda do Fórum é o projeto de lei (PL) chamado “Escola sem partido”.
Recentemente, em uma matéria no jornal online independente The Intercept Brasil, a jornalista Amanda Audi denunciou: “as propostas do novo governo para a Educação valorizam o ensino privado, em que temas como do Escola Sem Partido acabam tendo mais entrada, já que as instituições ficam mais livres para desenharem seus currículos educacionais ao sabor do mercado. Já foi anunciado que haverá corte de recursos para universidades públicas, e a equipe analisa a cobrança de mensalidade em instituições federais e a distribuição de “vouchers” para alunos de baixa renda estudarem nessas instituições”, diz trecho da reportagem.
O texto afirma também que o governo eleito vai priorizar o ensino à distância, considerado mais barato que o convencional.
“Se for aprovado, além de satisfazer a onda conservadora que varre o país, o Escola Sem Partido também será uma ótima oportunidade de negócio para empresas de educação, sejam elas escolas ou editoras que imprimem livros didáticos. Publicações e currículos terão de ser reescritos, e quem se adiantar ao projeto larga em vantagem. Um dos principais beneficiados com o projeto é o seu guru da Economia, Paulo Guedes”, afirma a jornalista em outro trecho.
Pois bem, imagine os impactos que isso pode causar nas instituições de ensino superior que têm Serviço Social? Se nos últimos anos houve um aligeiramento na formação e expansão dos cursos à distância, o “Escola Sem Partido” promete enterrar a formação crítica que ainda existe no Serviço Social brasileiro. Por isso o CFESS vem compondo a Frente Nacional “Escola sem Mordaça” que é composta por várias entidades e sindicatos da educação em defesa da autonomia e democracia no espaço escolar de todos os níveis de formação.
“Há quase quatro décadas o Serviço Social assumiu uma postura crítica e reflexiva e se colocou ao lado da classe trabalhadora para a transformação da nossa sociedade. Um exercício profissional de qualidade requer formação de qualidade. Defendemos uma formação em Serviço Social fundamentada no tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, em que estudantes tenham total condições de acesso a uma universidade pública, estatal, laica e de qualidade. Precisamos debater de forma coletiva com todos os CRESS, Abepss e Enesso, bem como outras entidades que defendem a educação enquanto direito e que coadunam com nossas pautas, nos dá energia e nos fortalece diante dessa conjuntura de retrocessos”, avaliou Daniela Neves.
Entre em contato com o CRESS de sua região e faça parte da Comissão de Formação ou da Comissão de Orientação e Fiscalização (Cofi) de seu regional.
Saiba mais sobre o 16º Enpess e participe!
Agenda
Encontro do Fórum Nacional em defesa da formação e do trabalho com qualidade em Serviço Social
Data: 2 de dezembro de 2018, a partir das 9h
Local: Centro de Convenções de Vitória (ES)
Conselho Regional de Serviço Social do Maranhão – CRESS-MA
Gestão "Resistência e Luta" – 2017/2020