Com o objetivo de reoxigenar a luta da classe a favor da responsabilização dos torturadores/as da ditadura, durante o 43º Encontro de Assistentes Sociais, realizado em Brasília no período de 18 a 21 de setembro, o CFESS lançou uma carta onde expõe que ainda é viva na memória os crimes cometidos no passado e que os mesmos não podem ocorrer no presente ou no futuro.
O documento evidencia que diferente do que ocorreu em outros países da América Latina, o Brasil não puniu os responsáveis pelos crimes de torturas e assassinatos que se instalaram no País. Ao agir dessa maneira, o governo brasileiro não só admite que os criminosos torturadores permaneçam impunes como também contribui para que seja apagado da memória o longo período de terror, barbárie, truculência e desrespeito de prisões arbitrárias e desaparecimentos.
Sob o ponto de vista da impunidade, a carta também ratifica que as conquistas advindas por meio das lutas e resistências continuam violadas por um Estado que se utiliza de mecanismos de segurança que potencializam prisões arbitrárias praticadas por uma polícia cada vez mais militarizada. Soma-se a essa forma de “comando” uma mídia que assume um papel de acusador e sentenciador dos movimentos sociais, dos seus militantes, e da classe trabalhadora, em especial, a negra. Sendo assim, o Estado, abarrotado por interesses econômicos, é um legado da ditadura militar.
Mesa redonda para ponderar sobre a ditadura
A mesa redonda “Serviço Social, Memórias e Resistências contra a Ditadura”, organizada no segundo dia do 43ª Encontro, contou com a participação de cinco Assistentes Sociais que vivenciaram o período da ditadura no país, foram eles: Jorge Krug, Vicente Faleiros, Cândida Magalhães, Joaquina Barata e Rosalina Santa Cruz. Cada um dos profissionais representou uma região do Brasil.
Os depoimentos comoveram e emocionaram os ouvintes, pois, trouxeram as formas de tortura que os palestrantes sofreram e evidenciaram os seus posicionamentos de resistência e luta durante o período truculento.
De acordo com a conselheira do CFESS, Daniela Neves, “Não é mais possível ocultar ou negar os crimes promovidos pelo Estado e por agentes que agiram em seu nome, que construíram essa mácula indelével na nossa história. Queremos resgatar a memória e construir a resistência”.
Os participantes destacaram que o serviço social, como profissão, foi capaz de resistir às ameaças do regime militar e se reconceituar.
Para a vice-presitente do CFESS, Esther Lemos “A mesa foi fundamental para darmos voz a alguns dos sujeitos que, numa histórica trajetória de lutas sociais, sofreram tortura e lutaram em defesa da liberdade, da justiça social e a revolução. Resgatar essa história é necessário, não só para que não se percam as conquistas frutos dessas muitas lutas e resistências, mas também para a mudança do presente e do futuro”, ressaltou.
Participe do projeto Se você é assistente social, vivenciou o período da Ditadura Militar (1964-1985) e sofreu violações de direitos em decorrência do momento político do país, veja como participar: Passo 1 Clique aqui e faça o download do formulário de depoimento e denúncia do projeto “Serviço Social, memórias e resistências contra a Ditadura Militar” Passo 2 Preencha-o respondendo, em até 6 laudas (15 mil caracteres), as seguintes questões: